“Mulheres em Chamas” tem apresentação única em Maringá

26 de Setembro de 2025

Três mulheres, 40+, presas em um elevador. Dezessete minutos sem sinal, sem ventilação e sem filtro. Assim começa “Mulheres em Chamas”, espetáculo que estreou dia 2 de julho, em São Paulo, e estará em Maringá no dia 10 de outubro para uma apresentação única no Teatro Marista. Os ingressos já estão à venda. 

Criado e protagonizado por Camila Raffanti, Juliana Araripe e Miá Mello, – nomes ligados a sucessos como “Mãe Fora da Caixa” e “Confissões das Mulheres de 30” –, o espetáculo, com direção de Paula Cohen, traz à cena um tema urgente e ainda pouco representado: a menopausa. Com humor, franqueza e sensibilidade, a peça quebra o silêncio sobre uma fase que atravessa a vida de todas as mulheres, mas que ainda é cercada de tabu e desinformação.

A montagem equilibra o riso com a vulnerabilidade para romper com o silêncio secular em torno da menopausa, muitas vezes vivida na solidão por gerações anteriores. “Queremos tirar o tema da invisibilidade e tratá-lo com leveza, informação e humor, sem abrir mão da honestidade emocional”, destaca Paula Cohen. A encenação transita entre o realismo e a fantasia com liberdade estética. Os vídeos cênicos do estúdio Bijari e a paleta de cores vibrantes dialogam com os figurinos simbólicos criados por Iara Wisnik. Tudo se articula à luz poética de Marisa Bentivegna, compondo uma linguagem visual pop e afetiva que potencializa a experiência da dramaturgia em cena. A trilha original de André Caccia Bava sustenta e permeia a poesia entre a comédia e os temas mais sensíveis.

Durante o confinamento forçado dentro de um elevador, as personagens compartilham angústias, memórias e delírios, atravessadas por mudanças do corpo, pressão social e medo de perder o desejo. “O elevador simboliza essa paralisia do climatério, que nos arrebata de repente. Mas, aos poucos, nos libertamos — e, quando as portas se abrem, estamos mais conscientes”, comenta Camila Raffanti.

O texto mistura realidade e ficção para retratar com humor o turbilhão interno da menopausa. “Tudo que é pessoal aproxima. O humor transforma tragédia em evolução. Existe o mundo real e o mundo hormonal — e conseguimos brincar com os dois”, diz Juliana Araripe. “Estamos fazendo check-in na senhora que queremos ser. E são as amigas que nos ajudam a atravessar essa fase sem achar que enlouquecemos de vez. Só um pouco”, brinca.

Miá Mello revela que a motivação surgiu da própria experiência. “Achei que fosse jet lag, mas eram os primeiros sintomas. Falar disso no teatro é oferecer ferramentas para atravessar esse período, que pode durar até 10 anos e ter mais de 70 sintomas”. Camila reforça: “Meu climatério começou aos 39. Rir disso é alívio — e quero que os homens riam com a gente também.”

A encenação transita entre o cotidiano e o absurdo para dar conta desse rebuliço hormonal. “Trouxemos o dia a dia, o explosivo, o hormonal — e é aí que surgem os momentos mais surrealistas”, diz Miá. Camila completa: “O que acontece dentro nem sempre combina com o que está fora. Às vezes, é tudo ao mesmo tempo — como na peça.”

Mulheres em Chamas é, acima de tudo, um espetáculo para todos: “As mulheres vão rir pela identificação, e os homens talvez entendam, pela primeira vez, o que se passa dentro da gente porque na peça mostramos a realidade e o outro mundo, o mundo hormonal que é bem surrealista. É para todas as idades — e principalmente para quem atravessa a menopausa. A gente precisa falar sobre isso”, diz Juliana Araripe.


Serviço: 

Espetáculo “Mulheres em chamas”

Com Miá Mello, Camila Raffanti e Juliana Araripe

Direção de Paula Cohen

Dia 10 de outubro (sexta) às 21h

Local: Teatro Marista 

Ingressos aqui.

Classificação: 14 anos 

Duração: 80 minutos

78 Visualizações
Notícias Voltar

Você também pode gostar

Centro Cultural Sucena celebra o mês da Consciência Negra com intensa programação
Como manda a tradição, o mês de novembro chega repleto de atividades no Centro Cultural Sucena, reforçando o compromisso da instituição com a diversidade, a valorização da cultura afro-brasileira e a inclusão social por meio da arte e da ancestralidade. Os responsáveis...
Espetáculo “Ritornelo” transforma lixo em música e promove oficinas de inclusão cultural em Maringá
O grupo Batucar estreia seu terceiro espetáculo cênico-musical, “Ritornelo”, com seis apresentações gratuitas nos dias 3, 4, 15 e 16 de novembro, em dois teatros da cidade. A proposta da montagem é transformar materiais recicláveis em instrumentos de percussão e, a pa...
Ás de Paus chega a Maringá com espetáculos gratuitos
O premiado grupo teatral de Londrina “Núcleo Ás de Paus”, conhecido por sua atuação marcante sobre pernas de pau, desembarca em Maringá neste fim de semana para apresentar gratuitamente três espetáculos na sexta-feira (31), sábado (01) e domingo (02), na Vila Olímpi...